terça-feira, 22 de julho de 2008

T O Q D Z

ALTEREGO: Criar não é fácil. Como é que o artista pode se adubar pra essa necessidade?
REIFF: Tomando gosto pela vida. A arte dos outros nos ajuda a olhar pra vida de uma forma mais nutritiva. A gente se sensibiliza, vê as coisas através de novos pontos de vista, e vai tendo algo a dizer, a partir do que se sente. Aí a gente transborda em arte. Que ajuda os outros a olhar pra vida de uma forma mais nutritiva e assim por diante. Mas a grande parada é tomar gosto pela vida. É degustar as sensações, quaisquer que sejam elas. Assim a gente pode falar algo real e pulsante na nossa arte.

ALTEREGO: Você acha que a internet banalizou o fazer artístico?
REIFF: Não. Muito pelo contrário. Criou espaço para que as pessoas buscassem se descobrir fazendo arte. Os críticos dizem que a enxurrada de coisas ruins acaba escondendo as coisas que realmente são boas. Mas eu não concordo. Porque as coisas que realmente são boas, que têm consistência, acabam conquistando seu merecido espaço. Mas tudo que foi feito de ruim certamente teve a importante função de despertar cada autor para um tipo de fazer artístico. O espaço dado fez com que as pessoas deixassem de falar, pra começar a fazer. A própria diversidade nos proporciona uma visão crítica muito mais sofisticada sobre aquilo que entendemos por arte.

ALTEREGO: Mas você não acha que a cultura de massa, por ter apelo comercial, rouba um importante espaço que seria dado a coisas mais elaboradas?
REIFF: Sim e não. Acho esse tipo de resposta perfeito. Porque pra tudo existe um sim como existe um não. Se por um lado alguns investidores pretendem ter números de audiência, outros preferem ter qualidade de audiência. Assim, o espaço virtual abre campo para os mais diversos interesses sejam atendidos. Pequenos grupos podem estar dispostos a pagar bem por artigos que antes não encontravam, porque o mercado não tinha espaço para produtos pouco comerciais.

ALTEREGO: Tem se observado que, de forma geral, o artista criativo não tem controle sobre a sua obra, nem recebe dividendos do seu sucesso da sua obra na net. Como você vê a questão da remuneração do artista nesse novo ambiente?
REIFF: Essa é uma questão profundamente interessante. Especialmente porque subverte ordens e valores pré-estabelecidos. De onde as pessoas esperam, o dinheiro não virá mais. Entretanto, virá de muitos outros lugares. Quando alguém tem o que dizer, infinitas possibilidades se abrem. Porque em qualquer espaço é útil se ter pessoas que agreguem, que inspirem, que transformem. As atividades produtivas todas estão passando por transformações profundas. Quem tem o que dizer vai acabar virando referência nesses novos tempos.

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