quinta-feira, 10 de julho de 2008

ALTEREGO: Você mexe nas coisas que faz?
REIFF: Durante muito tempo eu não mexi. Achava que a peça tinha o frescor daquele exato momento, que deveria ser cristalizado pela arte. Mas depois, com as facilidades do computador, comecei a trair meus ideais. Eu acreditava que a minha vida seria estudada e que seria mais fácil para o meu biógrafo encontrar coerência se a coisa fosse analisada à luz daquele contexto. Hoje eu não tenho essas pretenções. Tem coisas que eu lapido mesmo, porque acho que têm potencial pra melhorar.

ALTEREGO: Por que você achava que teria um biógrafo?
REIFF: Não sei. Guardava cadernos do primário. Um dia joguei tudo fora. O mais importante pra mim não é mais ser reconhecido como um talento precoce. Mas é deixar disponibilizar alguma coisa que seja boa. Cada vez mais eu me vejo como um canal. Já sou suficientemente grato, feliz e satisfeito por experimentar esse olhar poético sobre a vida. Nenhum reconhecimento vai me dar mais prazer do que o próprio prazer de ver a vida de forma holográfica, como eu acho que vejo.

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