quarta-feira, 18 de maio de 2011

HUMOR E POESIA



Tem coisa melhor que um boteco?
Morfino e Márcio Reiff, amigos de longa data - e inimigos de longa data também - estão novamente juntos num boteco, desta vez para um assunto importante: a pré-entrevista para a revista Playboy.
E assunto é o que não faltaria para esses dois, reconhecidamente bons conversadors. Difícil é fazer a pauta da entrevista, porque isso requer um mínimo de concentração. E depois de um choppinho a concentração se dilui, diria Morfino.
A situação pode piorar se o seu Acácio atender a mesa. O mais antigo garçom da casa também é bom de prosa, especialmente se o patrão não está.

MORFINO: Um cara que faz tudo não faz nada, certo?
REIFF: Um cara que faz tudo faz tudo se o barato for fazer. Eu não faço tudo porque quero. Quando vejo, já estou fazendo.
MORFINO: Quando você tem que preencher uma ficha você põe o quê no lugar da profissão?
REIFF: Nunca soube bem o que botar. Então boto poeta. As pessoas ficam me olhando como se eu fosse um ser alienígena. É muito engraçado.
MORFINO: Mas então você é poeta?
REIFF: Faço poesia com o olhar.(risos)
MORFINO: E o humor?
REIFF: Tanto o humor como a poesia nos dão pequenos momentos de iluminação. Eu saco coisas que levaria anos para perceber.
MORFINO: Taí uma chamada interessante pra matéria: "Humor e Poesia",o que você acha?
REIFF: Sou suspeito pra falar. Acho ótimo. Cabe muita coisa nesses dois assuntos e eu vejo uma profunda interligação entre eles. Gosto da linguagem do clown porque mistura essas duas coisas. O palhaço é um poeta, faz um tipo de humor minimal.
MORFINO: Você foi o criador da expressão "humor minimal?".
REIFF: Não sei. Vejo o mínimo como o essencial, o substrato, a quintessência. Vivo em busca da simplicidade. Do mínimo que possa dizer o máximo.
MORFINO: Como cartunista, você foi colaborador do Jornal de Teatro, da Revista do Motoqueiro, e hoje não tem publicado em nenhuma mídia impressa, por quê?
REIFF: Tenho feito poucos cartuns. Ando muito encantado pelo texto. Acho sim que a palavra pode ganhar mais espacialidade, como já tem acontecido. Já pensei em publicar meus "textuns", que são os meus "cartuns" feitos de texto. Tudo pode ser.
MORFINO: Desse mato sai muito coelho, não sai?
REIFF: Muuuuito.
MORFINO: "Nós viemo aqui pra bebê ou pra conversá?" Eu tô tranquilo. Vamo bebê. Temos aí uns dias pra arredondar essa bola.
REIFF: Boralá. Timtim!