quinta-feira, 14 de outubro de 2010

RESPONDENDO AOS INTERNAUTAS



Morfino e Márcio Reiff conversam na varanda do apartamento do Morfino, local marcado para a entrevista. Morfino traz as perguntas mandadas pelos internautas e pelos espectadores. É uma tarde de véspera de feriado em São Paulo. O céu está azul e a cidade está silenciosa. Uma brisa suave faz farfalhar as folhas com as perguntas, que estão sobre uma mesinha. Ambos tomam uma cervejinha escura, das quais o Morfino tem caixas muqueadas em casa. Morfino liga o gravadorzinho que está sobre a mesa, acende uma ponta e pega o papel coma as perguntas:
MORFINO: Ana Laura, de Campo Grande do Sul, pergunta: "O seu site tem o nome de "humor inteligente". O que é humor inteligente pra você?"
REIFF: Não poderia haver pergunta melhor para começarmos esse bate papo. Humor inteligente é aquele que convida a participação do público. É um humor que é mais do que humor: é um pouco de poesia, de verdade, de sabedoria, de espirituosidade. Talvez se contraponha à idéia do clichê, do humor requentado, das fórmulas batidas, do querer fazer graça. O humor inteligente não necessariamente leva ao riso, mas sempre leva ao enlevo. Ao insight. Chamo de humor minimal aquele humor que pode ser forte como um veneno, porque é a essência, o arquétipo. Hoje eu procuro fazer o humor minimal, você diz muito, com o mínimo. Será que eu respondi, Ana Laura?
MORFINO: Outra pergunta de espectador. É o César, de São Paulo, Capital. Ele pergunta: Além de comediante, você também faz tirinhas para o Jornal de Teatro. O que começou primeiro, em termos de humor?
REIFF: Eu sempre fui apaixonado pela linguagem gráfica, pelas imagens. E sempre gostei muito de desenhar, mas até hoje não aprendi (risos). O meu traço é um traço simples, despojado. O humor está no olhar, na percepção, na idéia. Posso levar essas percepções para qualquer veículo de expressão: o papel, o palco, a telinha. Mas o que não pode faltar é o olhar. Eu também tocava violão e contava uma estórias engraçadas nas festas,quando era garoto. Me interessa o humor, uma visão renovada sobre as coisas. O humor pode adquirir diferentes formas.
MORINO: O que você queria ser quando crescesse? Tudo?
REIFF: Mandou bem. Eu queria ser cada coisa que me encantava. Operador de escavadeira, operador de montanha russa, maquinista de trem...Durante um bom tempo eu disse que queria ser psiquiatra. Sempre me interessei muito pela loucura humana.
Embora loucura só possa ser humana mesmo...(risos)
MORFINO: Você se formou em Direito, trabalhou como redator publicitário boa parte da sua vida e o que mais você fez?
REIFF: Iche...Eu sempre cassei um jeito de fazer o que me dava na telha. Porque eu acho que quando a gente está encantado com alguma coisa a gente faz bem e com prazer. Qualquer paixão me diverte, se a companhia é boa. E se não é, a gente tenta fazer ficar. Eu me sinto uma espécie de Peter Pan. Não cresci. E isso tem um lado bom também. Mas respondendo a pergunta, já fui consultor de empresas, na área de treinamento, já fui palhaço e acho que isso eu nunca vou deixar de ser, já fui chamado até para ser segurança, acredite se quiser. Eu não deixaria ninguém em segurança (risos).
MORFINO: "Dizem que todos nós trazemos um pouco dos nossos ídolos, diluídos e mixados em quem somos. De quem você traz influências? " Pergunta da Ana Clara, de Blumenau.
REIFF: Nossa, são tantos... Professores de escola, vários. Dona Eliane, uma professora minha que tinha uma visão lúcida sobre a História. Meus pais. Elisa Lucinda, Denise Stoklos, Leon Eliachar, Veríssimo, Drummond, Tute, Plantu, Loreando, Picasso, Miró, Haring, Villa Lobos, Piazzolla, Jobim, Antonio Prata, Marcelo Rubens Paiva, Dali, Kandinski, Klee, Henfil, Orlando, Caruzzo, Adnet, Gentili, Marina, Chico Anísio, David Letterman...eu passaria dias falando sobre pessoas que eu admiro, e a grande maioria delas não são famosas... Eu acho que a admiração nos aproxima. Tô sempre procurando admirar alguma coisa na pessoa. Nem que sejam os peitos...(risos).
MORFINO: O que é o humor pra você? Pergunta Telma Assis, do Rio de Janeiro.
REIFF: É uma maneira de pensarmos o mundo por outras óticas. O humor descortina o véu da ilusão. O bom humor, pra mim, é aquele que gera um insight. O humor inteligente é uma delícia. Tem um pouco de poesia, de espirituosidade, ironia fina.
Se dá tempo de responder ainda a pergunta anterior, um ídolo pra mim é o Wood Allen. Sô fã desse cara.