sábado, 9 de maio de 2009

CADA UM COM SEU CADA QUAL

Morfino encontra Márcio Reiff em sua varanda. O entrevistador recaptula alguns pontos que gostaria de tocar durante a entrevista e liga o gravador:
MORFINO: O que vem antes, o artista ou sua arte?
REIFF: Caceta...Ambos vêm juntos. Mas não me pergunte por quê.

MORFINO: Você acha que a arte pode ser uma pulsão, uma força de propulsão, uma labareda que incendeia o espírito do artista?
REIFF: Caceta...Amarra o homem! (risos) Eu acho que sim. Quando eu sinto vontade de dizer alguma coisa eu sinto que essa coisa é muito maior do que eu. E essa percepção é minha religião. Eu, artista, sou um serviçal. Tenho que andar pelas ruas, ver as coisas, prestar atenção nas conversas que movem o mundo. Mas a arte é uma energia sábia, que passa por tudo isso e dá um sentido. Que nos dá algum tipo de insight.

MORFINO: Você acha que a arte seria uma energia do inconsciente coletivo de Jung?
REIFF: Pode ser. Tem aquela estória de que a gente "somos antenas". E acho que somos mesmo. Todos. Em maior ou menor grau. Mas quando a gente vai reduzindo a nossa identidade, vai rolando um espaço pra fluir o coletivo, que é muito rico. Temos a oportunidade de beber de bilhões de vidas conectadas. Olha o repertório que estamos ganhando. E cada um vai achando o seu cada qual, os seus cada quais.

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