sexta-feira, 29 de agosto de 2008

HUMOR ECOLÓGICO

ALTEREGO: A essa nossa pequena entrevista, você deu o nome de "humor ecológico". O que você quer dizer com isso?
REIFF: Humor ecológico é um tipo de interferência humorística que não atropela, não se impõe de forma grosseira. É aquele humor apropriado a cada momento, porque não se estabelece sem considerar o seu meio em que se desenvolve. É um tipo de humor que se disponibiliza àqueles que quiserem usufruir dele, mas que não força a barra. Hoje tenho visto muitas vertentes de humor pouco ecológicas. O cara que conta piada num meio em que as pessoas estão querendo apenas conversar, por exemplo, não está sendo ecológico.

ALTEREGO: Mas a função do humor não é mexer, cutucar, destruir padrões?
REIFF: É. Mas Gandhi também fazia uma revolução silenciosa, ecológica. E a Índia ganhou sua independência, sem agressão. Não acho que o humor precise agredir. Já disse antes que o humor e o amor, pra mim, estão muito interligados.

ALTEREGO: Isso reflete uma falta de coragem?
REIFF: Acredito que não. Sermos fiéis aos nossos princípios é um ato de coragem. Cada vez mais vou me deixando seduzir por coisas que não encontrem eco no meu coração. Faço humor pra encontrar o que pode haver de melhor em mim mesmo. Porque é isso que pode inspirar o outro a ver a vida com mais sensibilidade. Não tenho uma missão messiânica. Não quero mudar ninguém, embora me sinta muito feliz quando alquém se sensibiliza com a minha arte. Porque nós somos aquilo que contribuímos.

ALTEREGO: Como você acha que tem contribuído?
REIFF: Acho que tenho contribuído disponibilizando a minha verdade, cada vez mais.
Cada um de nós é profundamente contributivo, sem ter que se esforçar pra isso. A vida se enriquece com essa diversidade. Cada vez que vejo alguém agir de uma forma diferente, amplio minha percepção sobre a vida. Cada pessoa já é, como é, uma extraordinária contribuição.

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