segunda-feira, 11 de agosto de 2008

HUMOR ESSENCIAL

ALTEREGO: O humor tem muitas linguagens. O que existiria em comum entre todas essas linguagens, que a gente pudesse chamar de essência do humor?

REIFF: O humor, pra mim, é algo que enleva o espírito. É assim que eu o vejo, e não quer dizer que essa seja a verdade, até porque não acredito que exista uma verdade. Mas pra mim o humor é algo que me toca a alma, assim como a poesia e as artes em geral. Acho que o humor tem que romper padrões, surpreender, encantar as pessoas, que já estão cansadas do óbvio.

ALTEREGO: E o que você acha que não é humor?
REIFF: Clichês em geral. Se a função da arte é romper paradigmas, não existe nada tão sem arte quanto o clichê, a fórmula pronta, a receita. Isso é uma chatisse atmosférica. Tem muito artista que não ousa pensar, e nem mesmo sentir. A criatividade é um ato de ousadia, de fluência, de transcendência, de vitalidade. O artista tem que correr riscos, fazer uma coisa viceral. Sem isso fica uma arte morta, sem vibração. A arte é uma expressão da vida que pulsa no artista. Se não tem vida, não tem arte.

ALTEREGO: O que é um clichê?
REIFF: Até mesmo falar sobre clichês é um clichê. É um pensamento padrão, um jeito comum de ver as coisas, uma formula desgastada de se atingir um objetivo, um tipo de manipulação. O bom humor tem frescor. O novo pode ser feito de cacos do velho. Mas não adianta dizer o que todo mundo diz, e da maneira com que todo mundo diz. Isso é clichê.

ALTEREGO: Você sugere que o humor inspire uma transcendência?
REIFF: Perfeitamente. Quando eu desconstruo padrões estabelecidos, eu liberto a imaginação das pessoas. Isso é mágico. Produz um encantamento, uma estranha sensação de felicidade. E é por isso que eu vejo o humor como um processo alquímico. Uma expansão de consciência que se dá por osmose, por assim dizer.

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