Morfino é um palhaço metido a filósofo que entrevista seu
criador, fazendo perguntas desconcertantes que só um palhaço é capaz de fazer.
MORFINO: Você diz que o humor está nos olhos, de quem faz ou
de quem vê?
REIFF: De ambos. Quem faz humor propõe um novo ponto de
vista, que só será visto por alguns. Eu diria que os seres humanos são tribos que
se agrupam pelo olhar que tem das coisas.
MORFINO: O que enxerga o seu grupo?
REIFF: Hoje todos nós
temos facilidade de ter muitos grupos, porque a internet nos revela afinidades.
É mais fácil a gente encontrar pessoas que se interessam pelas mesmas coisas,
que compartilham os mesmos valores, enfim. Não tenho um grupo, mas vejo como
denominador comum aos grupos que frequento a autenticidade. A inautenticidade
está ficando careta.
MORFINO: Tem gente que te chama de “velho maconheiro”, qual
é a sua autenticidade sobre esse assunto?
REIFF: Se a pergunta
é se eu fumo maconha a resposta é sim, e sempre que aparece numa roda de
amigos. Não tenho comprado. Eu tenho uma tendência natural para viajar na
maionese. Fumado eu nunca consigo conter
um turbilhão de ideias e acabo atropelando as pessoas. Mas é sacanagem me
chamarem de velho, porque isso é foda. Um dia desses eu fui chamado pra fazer o
teste de um comercial e a produtora me perguntou: “o senhor vai ser um dos
velhinhos?”
MORFINO: (risos). Você fez 50 anos. Isso tá pegando?
REIFF: O que incomoda aos 50 é não estar pegando. (risos)
Acho que a libido dá uma aquietada, a barriga teima em crescer, a gente tem
muita paciência para algumas coisas e pouca para outras... Problemas de saúde
começam a aparecer, como num carro velho. Eu estou um pouco inquieto sim.
Parece que não vai mais dar tempo de eu fazer uma previdência privada.
MORFINO: Você tem medo de ir para o Recanto dos Artistas?
REIFF: Seria ótimo uma comunidade de artistas sem as
frescuras do ego. Seria perfeito!
A entrevista só não continuou porque começou a chover e o
palhaço Morfino derreteu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário